A moda da imprensa (dita) especializada, dos consultores de plantão e de muitos empresários, são os comentários e análises sobre inflação e juros.
Além de andarem sempre juntos, inflação e juros oficiais são fatores meramente políticos, basta uma simples análise dos números e seus efeitos.
Por exemplo, Lula assumiu o governo com uma inflação de 12,53% ao ano, entregou com uma inflação de 5,90% ao ano e encerrou seu mandato com altos índices de aprovação, a ponto de eleger sua sucessora. E, apesar de tudo o que sabemos sobre as mutretas nos governos dele, de ter sido condenado e cumprido prisão, continua liderando a atual corrida presidencial.
A sua sucessora Dilma, sem ter tido tempo para muita “mutretagem”, recebeu o país com uma inflação de 5,90%, que chegou a 10,73% em janeiro de 2016 e em abril do mesmo ano começou o processo de impeachment, culminando no seu afastamento em agosto daquele ano.
Apesar do argumento para o processo de impeachment ter sido a tal da pedalada, isso é história para boi dormir. O povo que votou na Dilma sequer sabia o que é pedalada, mas sabia, e sentiu muito, os efeitos da inflação e dos juros no bolso.
O impeachment só foi possível porque o governo perdeu o apoio popular por causa da inflação e dos juros. Caso contrário, o povo teria ido para as ruas contra a saída da presidente, que elegeram em apoio ao Lula que muito fez por eles.
E quero ver qual congresso derrubaria uma presidente com inflação de 2% ao ano e juros de 4%!!!
Por isso mesmo que a inflação e os juros que interessam para os empresários não são os que se discutem diariamente na imprensa. Mas sim a inflação interna (evolução dos custos) e os juros reais, próprios de cada empresa.
Começando pelo mais simples, uma taxa de juros de 25% ao ano, representa um custo líquido de 16,50 % ao ano para empresas que tenham lucro operacional, considerando o IR e CSLL de aproximadamente 34%. Fácil né?
Pelo lado da inflação interna, vamos imaginar a inflação de um produto simples como uma chapa de aço dobrada, onde o aço represente 60% do custo, a energia 15%, a mão de obra 10%, o frete 5% e os demais custos 10%, com os seguintes reajustes de preços: aço 18%, energia 22%, MO 8%, frete 12% e demais custos 10%.
Nesse exemplo a inflação interna seria de 16,50%, e reajustar seus preços com base nos índices oficiais de inflação (10,70%) é o caminho mais curto para a falência.
Em relação à taxa de juros de 25% ao ano, seu custo real fica em 16,50% ao ano caso a empresa tenha lucros, como explicado acima. Portanto, a taxa real de juros desse exemplo é “zero”. Ou seja, a captação de empréstimos para alavancar vendas não contamina o resultado.
Deu para perceber que para quem é competente, até os altos juros ficam baratos, não é? Basta ter lucro!
Por essas e outras que digo e repito que empresa não se administra apenas com base em estatísticas e informações externas, e sim com a gestão dos seus próprios custos.