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Falando um pouco sobre o “luto” na crise financeira

Segundo o Wikipédia “Luto é um conjunto de reações a uma perda significativa, geralmente pela morte de outro ser”

Quando perdi meu pai, uma amiga me disse: “A dor da perda é como a decolagem de um avião jumbo, ele é enorme enquanto o avião corre pela pista, vai diminuindo de tamanho à medida que vai subindo e desaparece depois de algum tempo.”

O luto, no decorrer de uma crise financeira, é tão ou mais intenso do que quando perdemos uma pessoa querida.

Isso ocorre porque o luto não decorre de uma única perda, e sim diversas perdas. E, diferentemente da vida pessoal, o luto é mútuo e sem falecimento, mas por perdas significativas para os credores e os devedores.

E, como lidamos com pessoas, as reações ao luto nas crises são as mais diversas.

A primeira, e comum a qualquer luto, é o sentimento de revolta, por acharmos injusta a perda.

Os credores, num primeiro momento, perdem o dinheiro das vendas efetuadas, depois podem perder os lucros das futuras vendas, alguns podem perder o seu próprio crédito junto a bancos e fornecedores, e perdem a confiança no cliente.

Os devedores, num primeiro momento, perdem a credibilidade no âmbito interno e externo, perdem a capacidade financeira de operar de forma eficiente o seu negócio e perdem a confiança de que podem fazer bem-feita a lição de casa, mudando o status das coisas.

Alguns superam o luto em menos tempo, outros demoram mais, e muitos só superam o luto com a própria morte, assim como os suicidas.

Porém, o tempo para a superação do luto é fundamental para que o luto da crise, que não tem origem no falecimento da empresa, não resulte na morte de fato das empresas (devedores e credores).

Pessoas Jurídicas não tem o sentimento de luto. As reações ao luto são das pessoas físicas que gerem as empresas, e são as mesmas que poderão salvar ou matar as empresas.

Somente aqueles que tem competência para superar o luto da crise poderão contribuir para superar a própria crise.

Maquiavel, em seu livro, define bem essa situação: Nada é mais difícil de executar, mais duvidoso de ter êxito ou mais perigoso de manejar do que dar início a uma nova ordem de coisas. O reformador tem inimigos em todos os que lucram com a velha ordem e apenas defensores tépidos nos que lucrariam com a nova ordem.

 

 

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