Ultimamente temos visto propaganda de sanduíche de picanha sem picanha, de suco de laranja sem nada de polpa de laranja, aprovação de planos de recuperação judicial sem possibilidades de recuperação e, entre tantas outras, de “salvadores de empresas” com empresas falidas no currículo.
Quanto mais “bonita” a propaganda, maior a enganação.
Em alguns casos o objetivo do marketing é “abocanhar” um nicho de mercado, em outros é criar valor para produtos de baixo valor agregado, e nos mais graves é enganar aqueles que se sentem sem saída, assim como promessa de empréstimos aos necessitados em prazos longos, mas com juros que matam.
Esse tipo de marketing que também acontece no mundo dos IPOs, quando empresas começam a aparecer na mídia divulgando os números que impressionam, como faturamento e crescimento, e escondem números que assustam, como dívidas e prejuízos. E os coitados dos “investidores” ficam seduzidos pela nova oportunidade de investimento.
No marketing das consultorias de crise não é muito diferente. Textos sofisticados, folders bonitos, entrevistas na mídia especializada, fotos com o pé na cabeça de leão morto (por outro) e soluções de “profeta do passado” tentam impressionar, e muitas vezes impressionam, empresários em crise. Depois, nos casos de insucesso ou falência, tacham o empresário de incompetente.
Bastaria o SERASA divulgar, por exemplo, o nome dos assessores das empresas com falência decretada, para separar o joio do trigo.
Pode ser que a vinculação da responsabilidade da consultoria à falência não tenha procedência técnica ou seja injusta, mas no mínimo daria para dizer que a consultoria é azarada, ainda que “competente”.
Mas se a consultoria é tão boa quanto apregoa, deveria saber diagnosticar os casos sem solução ou acima da sua competência.
No mundo das crises a diferença entre o marketing e a realidade é igual à diferença entre falência e a recuperação.