Uma das fases mais complexas, e críticas, da reestruturação de dívidas é o planejamento e definição dos critérios das renegociações com os credores.
Antes mesmo das análises técnicas para a apuração dos valores devidos a cada credor, é necessário fazer a classificação dos credores com base em alguns critérios.
Destaco dois que considero relevantes:
- Credores estratégicos e não estratégicos para a operação.
Eles podem, por exemplo, ser fornecedores de itens indispensáveis ou de substituição onerosa.
Outro caso típico pode ser o BNDES, para empresas que vendam seus produtos através do finame ou financiamentos especiais, como no caso do setor de aviação.
Instituições financeiras que disponibilizem crédito imobiliário também podem ser estratégicas, para empresas do setor imobiliário.
Esses são poucos exemplos da enorme gama de credores estratégicos possíveis.
- Credores de acordo com os riscos
Os riscos podem ser patrimoniais, como bens e ativos operacionais indispensáveis dados em garantia.
Riscos financeiros, como aplicações financeiras, recebíveis e cessão de contratos.
Riscos Jurídicos eminentes, tais como bloqueio de contas, busca e apreensão, ou consolidação da propriedade.
Riscos operacionais, tipo bloqueio de fornecimentos estratégicos, como energia elétrica ou oxigênio, como exemplos;
Riscos comerciais, como no caso do credor ser também cliente direto ou indireto.
Riscos familiares, caso o credor seja um parente. Sim, existem, e não são raros os casos.
Riscos societários, nos casos em que as dívidas afetem os sócios de maneira distinta.
Ainda teríamos uma infinidade de riscos que devem ser analisados para cada credor.
A análise técnica/jurídica dos credores, combinada com a avaliação da geração operacional de caixa (após o início da reestruturação), são as bases de informações que servirão para a definição das estratégias mais adequadas para cada caso.