No enfrentamento da crise financeira, não entender de dívidas é um problema sério. Mas achar que entende, é um risco maior ainda.
Entender de dívidas não se resume a cálculos de juros, ou identificação de ilegalidades nas cobranças efetuadas, e muito menos se restringe a dívidas financeiras.
Nas dívidas financeiras, além dos juros e eventuais ilegalidades, é necessário analisar a situação e tipo das garantias, o perfil do credor financeiro, os custos de captação por tipo de credor, a importância da dívida para o credor, recompor o histórico de relacionamento, e mais algumas informações estratégicas que o tempo nos ensina.
Nas dívidas comerciais, não é muito diferente. São apenas outros parâmetros que ajudam a identificar as potencialidades de renegociação, ainda que alguns sejam comuns a ambos. Mas, reconstituir o histórico de relacionamento e as informações estratégicas é indispensável.
Por incrível que pareça, essas potencialidades também existem nas dívidas trabalhistas, o que exige uma análise mais complexa visto que envolve questões sociais e um perfil diferenciado do judiciário.
E por fim, nas dívidas tributárias pouco havia a se fazer antes da lei que permitiu a transação extrajudicial.
As normas de parcelamento eram rígidas e as possibilidades de negociação restritas aos programas de parcelamento regulamentados. Fora isso, a alternativa era as intermináveis ações judiciais, à espera de um novo “Refis da vida”.
Atualmente já é possível desenvolver estratégias de negociação com o fisco, com diversas alternativas e reduções, ainda que com as restrições que a lei impõe.
O conhecimento profundo de todas as formas de dívidas é fundamental no planejamento da reestruturação preventiva, das renegociações após o início da insolvência, e até mesmo para a decisão e implementação de um plano de Recuperação Judicial ou Extrajudicial.
Boa parte do insucesso das reestruturações de dívidas se dá pela falta de conhecimento mais profundo a respeito das dívidas e dos credores.